Vidas Cruzadas

Era um domingo que pairava a solidão,
Resolveu descer até o sótão e rever cousas velhas.
Ele percebeu que havia um caminhão de lembranças,
Havia fotografias polaroide nas paredes, eram lembranças
Da infância feliz que tinha.
Ele vasculhou baús velhos e encontrou mais lembranças,
Sentiu uma pontada de nostalgia, estava ficando frio.
Ele lembrou da moça que gostava no colegial,
Tinha fotografias dela em um álbum, atrás das fotos haviam poesias.
Ele recitava cada uma, mas não conseguia lembrar de como escreveu,
Era vago as lembranças que tinha dela, mas tinha algo nítido de não
Consegui perceber. Depois de horas ele acha um telefone em uma das
Fotos da moça, e resolve subir pra ligar.
Ele subiu entusiasmado, sua mãe quase não o reconheceu.
Agarrou o telefone e foi digitando logo o telefone,
Parecia saber de cor, cada número.
Uma voz roca atende o telefone, e ele explica logo antes de haver
Mal entendido.

- Oi, desculpe ligar a essa hora, que na verdade nem sei qual é.
Mas é que estava vasculhando umas coisas velhas no sótão e,
Encontrei um álbum de fotografias, do tempo do meu colegial.
Era de uma garota que era apaixonado e eu escrevia uns poemas.
Mas faz tanto tempo que eu não me lembro mais do nome dela e,
Vasculhando essas fotos e achei esse telefone, e resolvi ligar.
Pra saber se era você..

Quando ele explicou o acontecido houve um silêncio entre a linha.
E ele logo ficou nervoso, esperando alguma palavra.

- Nossa, quanta explicação. Eu realmente não lembro muito do meu colegial.
Mas eu lembro do garoto que tirava fotos de mim na aula,
Eu era muito tímida pra fazer qualquer coisa. Bom deve ser você.
Uma vez no refeitório você deixou uma foto cair, e quando fui te entregar,
Percebi que era eu, e então eu fiquei espantada e ao mesmo tempo feliz, coisa de adolescente,
Ai então eu escrevi meu telefone. Bom isso faz 15 anos.

- Então é você! Pensei que nem podia mais existir esse número.
Eu nunca tive coragem de dizer o que eu sentia por você,
Eu era um bobo apaixonado, eu nunca tive muitas iniciativas, essa é a verdade.
Não quero mais tirar do seu tempo, mas você mora ainda no bairro...
Queria poder te chamar pra sair, comer em algum restaurante?

- Eu não moro mais aqui, só estou de visita na casa dos meus pais.
Bom, eu acho que você demorou muito pra ter uma iniciativa,
Poderíamos até sair, seria legal... Mas eu sou casada, não vejo nenhuma mal em sair com você,
Mas meu marido é bem ciumento, espero que entenda.

Ele então sentiu como se um balde de água fria caísse em sua cabeça.
Poderia ter acontecido algo especial, mas talvez o destino não planejava.
Afinal era mesmo obra do destino?
Ele se questionava nesses milésimos de segundo depois do que ela havia dito.

- Então me desculpe pelo telefonema, mas queria saber seu nome.
Para que talvez não possa mais esquecer e, saber quem era você.

- Um telefonema não fará você saber quem sou eu, talvez seja melhor
Você guardar as lembranças que tens de mim, talvez marcadas nessas
fotografias, espero que entenda, João.

Ela desliga o telefone, e ele parecia não acreditar nas palavras da moça.
Depois de alguns segundos ele percebe que ela havia dito o seu nome.
Sua mãe vê seu semblante perdido e pergunta o que houve.
Segura sua mão e vê a fotografia. E pergunta.

- Você ligou pra essa moça, João?

- Ss..Si..Sim. Queria saber o seu nome.

- João, você não lembra dela?

- Não mãe, eu me esqueci ao longo desses anos.
Eu simplesmente apaguei involuntariamente minhas memórias antigas,
As que talvez fosse um trauma. Acho que é normal isso.

- Ela morava há 3 quarteiros daqui, tinha uns cabelos pretos lindos.
Andava com um sorriso encantador, acho que era Júlia o seu nome.

João pega a fotografia da mão de sua mãe e ao olhar a foto ele lembra de detalhes
Mais precisos dela, da sua voz, dos cheiro dos cabelos dela, era como rosas.
Ele abre um sorriso, como se vivesse aquilo novamente.

Meses depois João descobre um câncer em seu estômago,
Era um caso raro e estava avançado. Foi um espanto para todos, pois não havia sinais.
Ele era um rapaz que se alimentava bem, era conhecido por um bom apetite.
Na mesma semana ele foi internado e não havia previsões, os médicos estavam cautelosos
Ao diagnóstico, sua mãe não aguentava mais chorar. Seu pai já havia falecido.
Meses internado, Júlia sabe de seu problema.
Era uma manhã de segunda e chovia na cidade, ela aparece,
Sua mãe estava no saguão principal do hospital a sua espera.
Ela chega e leva Júlia até o quarto de joão.
Chegando lá ele cochilava, estava bem mais magro.
Sua mãe então pega na mão de João e ele logo acorda.

- João, olha quem veio lhe visitar.

João vira o rosto, e lá estava ela.
Cabelos presos, casaco de lã azul claro, parecia um anjo.
Ela estava com um semblante triste, e João abre um sorriso,
Que parecia nunca sair. Ela veio em sua direção.

- E então moço. Como você faz um negocio desse com a gente?

- Eu gosto de surpreender as pessoas. (risos)

- Você sempre sendo palhaço, lembro de você zoando seus amigos.
Os médicos já disseram algo a respeito?

- Lembro disso. Eles não querem dizer nada, acho que não tem mais o que fazer.

João parecia conformado, mas não aparentava tristeza. Era doloroso ver ele daquele estado.

- Não fala isso, logo logo eles resolvem seu problema.

- Eu sei que é difícil entender as coisas, mas é a verdade.

Ela abaixa a cabeça e João arruma seu cabelo para o lado do rosto.
Ela segura em sua mão.

- Desculpa por ter dito aquilo ao telefone. Mas foi estranho, você esperar uma ligação
E ela demorar 15 anos, realmente tudo mudou. Eu não quis estragar minha vida com isso.
Mas sabe, meu casamento acabou tempo depois daquele dia.
E parecia que tudo se encaixava, sua ligação. Eu não quis acreditar nisso.
Mas quando resolvi procurar saber de você, você estava aqui.
Parece ser um castigo.

Júlia chora segurando a mão de João, ele fica sem reação.
Ela senta ao seu lado na cama e coloca sua cabeça no ombro dele.
Meses se passaram e nenhuma notícia concreta sobre sua doença,
Os médicos diziam que a operação podia ser muito perigosa,
Seu câncer era muito avançado e podia se espalhar mais.
Mais semanas se passaram, e o estado de João parece piorar,
Júlia sempre ao seu lado cada dia.
Então eles resolvem fazer a operaçãode remoção.
Foram as horas de mais nervosismo de Júlia, foram longas horas de espera.
Até que o médico responsável pela operação sai da sala, com um semblante cansado,
E da o anúncio que a operação foi um sucesso, mas o João podia não se recuperar.
Até então era uma noticia boa, o tumor foi removido. Semanas se passaram, o quadro era estável,
Houveram recaídas e recuperações. Mas João sofre uma grande hemorragia.
Logo seu quadro piora, já não haviam mais alternativas, seu sangue era do tipo raro,
Só a pessoa do mesmo tipo, poderia doar, mas ai então Júlia resolve fazer o exame para saber,
Já não havia mais chances. Só mesmo uma transfusão poderia salvá-lo, o dia se passa,
E uma enfermeira vai até seu quarto.
Júlia se levanta ao ver a moça entrar, e a enfermeira abre um sorriso dizendo que era um milagre,
Que o seu sangue era o mesmo, Júlia desconfiava, já que sua mãe também era.
E meses depois João parece recuperado da operação, o transplante foi um sucesso.
E ele pode finalmente voltar para casa.
Primeiro natal de João e Júlia juntos. João a pede em casamento, ela não exitou em responder “SIM!”.
Tempo se passou e eles viajaram pro litoral, e escreveram poucas vezes, pra dizer:

- “Estamos bem, mandaremos cartões postais, aqui é lindo, nos vemos no natal!”.


Magno Silvestre

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