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Mais uma vez, vejo-me observando as teclas.
Pensando no que dizer.
Às vezes andando por aí, penso em escrever.
É um grito preso em meu peito.
Um sentimento de quase morte.
E não reconheço mais os meus versos.
O que eu posso dizer as pessoas perdidas, assim como eu?
Eu escrevo pra esquecer, me descarregar.
Às vezes na rua penso em gritar.
Dizer que não aguento essa vida rotineira.
Eles olharam pra mim e ririam.
Me chamaram de maluco.
Mas eu conheço os verdadeiros loucos, sim, conheço.
Eles sabem muito mais do que nós.
Outro nível, baby, outro nível.
A ansiedade nos mantém reféns.
Nós gostamos disso de vez enquanto.
Saímos por aí, de madrugada esperando ser os únicos.
Às vezes eternizando momentos, por que podemos, sim.
Eu apenas, queria ver as pessoas da janela do meu apartamento.
Meu não, apenas moro aqui. Apenas queria ver as pessoas.
Elas andam, falam, cospem por aí. Lambem, chupam.
Eu quero observá-las. Os loucos me entenderiam.
Queria não me preocupar em não dar uma resposta.
Em não marcar uma presença.
Eu olho para as teclas e penso em sanidade.
Nós temos, ainda.
Eu olho para o meu reflexo.
Tento ver dentro dos meus olhos, alguma explicação.
Mas apenas sei que somos únicos.
Porém, de alguma forma somos iguais.
Foi a única explicação que cheguei.
Mas no fim, é isso.
Estaremos deitados na cama, nas ruas, vielas e viadutos.
Esperando o dia seguinte, por algumas horas pensaremos.
Nas nossas vergonhas, momentos bons, terríveis e, lugares que fomos.
Pensarmos o quanto podia fazer diferentes.
Enquanto isso passamos pelo calendário, dezenas de vezes.
Vivendo no exato dia que morreremos, um dia.
Isso não me preocupa.
O que me tirar o sono, são as teclas.
Elas querem tirar de mim, o que não tenho mais.
Não me levem, eu não tenho mais o que dizer.
Espero que hoje, tenha escapado.

Magno Silvestre

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