Prece

Querida daqui a pouco me deitarei 

Você dirá que já é tarde 
não perguntará nada 

O tempo é raso 
Nós sabemos muito bem 

Na calada da noite 
no silêncio dos insensíveis 

A lágrima percorre o rosto desespero 

Reúno pouco de minhas forças 
seco o rosto com delicadeza e calma 

Sei que não posso controlar todas as coisas 
não posso 

Já deitado, apelo por uma prosa com Deus 
não me queixo, não mais 

Tenho aflições; do tempo, das decisões 
sinto medo 

Peço com clemência uma luz 
ilumine todos nós 

Tento controlar minha voz para que não fraqueje 
falar a sós com Deus demanda de concentração 

“Oh, Deus! Eu ainda não entendendo, não entendo 
sinto temor e pereço de fé, ele me deslumbra” 

Quase não se ouve a voz que se ecoa 
mas para mim e para Deus ela é ensurdecedora 

Me bate um vazio, de estar mesmo sozinho 
no mundo 

Daí lembro de como é bom amar 
e evoco emoções que senti 

É como estar vivo mais uma vez 
mas logo passa 

Com uma droga 
isso me leva para longe 

Peço sabedoria pra lidar 
nunca soube lidar, perder, fracassar 

Tudo que peço sei que existe dentro de mim 
uma força descomunal querendo se libertar 

Sinto um toque macio 
que logo me adormece 

Mas ainda de olhos aberto sonho 

Sinto que posso caminhar com as feras 
que aprisiono dentro de mim 

Não me intimido, celestial está comigo 
Ele reluz uma energia branda 

É como se nunca falhasse 
ele ressoa por todos os cantos 

Cura partes impenetráveis 

E como ainda não dormi; já amanhece 

A luz do Sol traz consigo o perdão 
uma nova era começou 

Nela todas as oportunidades 
estarão de volta 

Me perdoe querida 

Pensei excessivamente 
o tempo é o algoz das lembranças 

Sei que ainda, sem esperar 
estará lá, dentro de toda possibilidade 

Ainda poderei lhe sentir 

No canto dos pássaros, nos sons dos motores 
no cheiro do café, nas cores e nas fotografias 

Mas apesar de tudo, sigo


Magno Silvestre

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